A BÍBLIA E SUA HISTÓRIA
Recordista desde a década de 50 como o livro mais vendido do mundo, com aproximadamente 3,9 bilhões de cópias espalhadas pelo mundo, traduzidas em mais de dois mil idiomas e dialetos, a Bíblia Sagrada é um dos livros mais populares que se tem conhecimento. Muito se fala a seu respeito, porém, popularmente não se conhece muito a sua origem, sua história e como chegou até nós este livro inspirado por Deus.
A Bíblia é formada por dois grandes blocos, sendo o Antigo Testamento composto por 46 livros e o Novo Testamento com 27, um total de 73 livros, escritos entre 900 a.C a 95 d.C, no Oriente Médio e na Europa Oriental. Devido este fato, o idioma utilizado para os textos não foram os mesmos, sendo o Antigo Testamento escrito na língua hebraica em sua maioria, e o Novo Testamento escrito todo em grego.
Na antiguidade a cultura se espalhava de geração em geração de forma oral, porém, com os anos surgiu a ideia de registrar esses conhecimentos de forma escrita, a partir dos conhecimentos, da compreensão de Deus e do mundo que se tinha na época. Deste modo, surgiram os primeiros textos bíblicos que hoje conhecemos, com características bem típicas das suas sociedades de origem. Curiosamente, pela simplicidade de seus escritores, os textos possuíam erros ortográficos, geográficos e históricos, deslizes que foram conservados em respeito aos hagiógrafos, nome dado aos autores inspirados. Isso mostra que a Bíblia manteve o conteúdo dos textos originais, sendo fundamentalmente não um livro geográfico ou histórico, mas sim um livro de fé, que retrata a história do relacionamento de Deus com o seu povo escolhido.
O termo utilizado para aceitação dos livros como inspirados por Deus, se denomina como cânon da Bíblia. Um processo trabalhoso que levou séculos para sua conclusão, principalmente quando o assunto se referia à definição do Antigo Testamento, escrito muito antes do nascimento de Jesus Cristo. Tal processo foi longo e difícil, pela aceitação dos idiomas em que os textos estavam escritos. Pois os hebreus de Jerusalém aceitavam como inspirados somente os livros escritos originalmente na língua hebraica, já os judeus de Alexandria não faziam essa questão e aceitavam como inspirados também os livros escritos em grego.
Definido o cânon do Antigo Testamento, este relata a formação do povo de Deus, desde a criação, Abraão e sua fé, José do Egito, a libertação do povo do Egito por Moísés, a chegada na terra prometida com Josué, a organização e formação das 12 tribos de Israel, os seus juízes, a vinda dos profetas, como Isaías, Jeremias, Ezequiel, entre outros e o anúncio e espera da chegada do messias, o ungido de Deus que libertaria o povo de Israel.
Quando nasce Jesus Cristo, o Antigo Testamento já havia sido todo traduzido para o grego, língua principal conhecida na época, numa versão denominada como Septuaginta, nome dado pela tradição que afirmava ter sido feita por 72 tradutores, com a finalidade de ajudar os judeus que viviam fora da Palestina.
Durante a vida de Jesus não se tem relatos de escritos, mas somente vinte anos aproximadamente após a sua ascensão, momento em que começa a ser produzido o que hoje conhecemos como Novo Testamento. Fato que acontece no ano de 52 com a 1ª Carta de São Paulo aos Tessalonicenses. Período de perseguição dos romanos e formação das primeiras comunidades cristãs, em que os apóstolos passaram a produzir escritos para formar e exortar as comunidades fundadas, o que conhecemos hoje como epístolas ou cartas apostólicas. O interessante é que somente após a escrita de muitas cartas apostólicas, surgiu o primeiro escrito focado na vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, o que conhecemos como evangelho, nas proximidades do ano 68 através do evangelho Segundo São Marcos.
Nos primeiros séculos da era cristã, havia muita popularidade em escrever sobre Jesus e os cristãos, o que levou a uma grande quantidade de escritos, como evangelhos, atos dos apóstolos, epístolas e apocalipses. Fato que levou a necessidade da formação do cânon do Novo Testamento, mas pra isso havia regras fundamentais como: proximidade de Jesus ou de seus apóstolos; data de escrita e coerência dos textos com os ensinamentos cristãos conhecidos. Tais regras se tornaram necessárias, devido à grande quantidade de escritos não coerentes com a figura do Cristo, como exemplos, textos de mais de duzentos anos após a sua vinda, implantação de filosofias tendenciosas, elementos não existentes na região de Jesus ou até mesmo fatos muito duvidosos, como Jesus amaldiçoar e matar pessoas na sua infância. Então, surge o termo apócrifo, que se refere aos livros não aceitos na Bíblia, disponíveis até hoje para livre acesso nas livrarias, bibliotecas e internet.
Por volta do ano 400 foi definido o cânon do Novo Testamento que conhecemos hoje, porém, em pergaminhos escritos em grego e numa versão antiga do latim. Então, no ano 405 foi elaborada cuidadosamente por São Jerônimo, a tradução revisada do Antigo e Novo Testamento completos em latim, língua oficial da Igreja. Trabalho de tamanha importância, que a Igreja o declarou como padroeiro de todos os que se dedicam ao estudo da Bíblia e fixou o “Dia da Bíblia” no mês de seu aniversário de morte, no caso 30 de setembro de 420.
Por fim, com o avanço das sociedades, no ano de 1450, o inventor alemão Johannes Gutenberg revelou o mundo com a sua criação da “prensa móvel”, que possibilitou a impressão de livros, sendo escolhida, a Bíblia Sagrada foi o primeiro livro do mundo a ser impresso. Fato que com o passar dos séculos e a modernidade se espalhou com milhares de cópias, por todo o mundo até hoje, sendo recordista como o livro mais vendido de todos os tempos.